O impacto do uso de espécies de plantas invasoras no paisagismo
O impacto do uso de espécies de plantas invasoras no paisagismo

O impacto do uso de espécies de plantas invasoras no paisagismo

A introdução de espécies de plantas exóticas consideradas invasoras no paisagismo gera graves impactos ambientais à biodiversidade da flora nativa local. Essas espécies interferem nos processos naturais causando o deslocamento de espécies nativas e alterando cadeias ecológicas naturais.

Segundo o Instituto Horus, entidade de pesquisa e atuação na conservação ambiental, espécies exóticas são aquelas que se encontram fora de sua área de distribuição natural, passada ou presente. Essas espécies se tornam invasoras quando passam a ameaçar habitats, ecossistemas ou outras espécies, causando impactos e alterações em ambientes naturais.

Também segundo o instituto, praticamente 70% das plantas listadas como invasoras no Brasil, foram introduzidas com a finalidade ornamental. Daí a importância do paisagista compreender essa questão e conhecer bem as plantas que indica em seus projetos.

O Instituto possui uma Base de Dados Nacional de Espécies Exóticas Invasoras, onde é possível consultar as espécies consideradas invasoras no país. Você pode acessar a base de dados nesse link. Se tiver dúvidas em como consultar a base, veja o artigo que escrevi onde explico Como pesquisar espécies invasoras no Instituto Horus.

Sílvia Ziller, fundadora e diretora executiva do Instituto, me explicou em uma troca de e-mails, que a ocorrência da invasão de espécies deve ser considerada principalmente em relação aos diversos ecossistemas existentes no país. Assim, uma vez que uma espécie invada determinado ecossistema, não importa em qual estado ou município seja, ela tem o mesmo potencial invasor em ecossistemas semelhantes, em todo território nacional. Nesse sentido, o ideal é abolir o uso das espécies invasoras no paisagismo como um todo.

A exceção poderia se aplicar apenas em casos de espécies nativas de algum ecossistema do próprio território brasileiro, que tem potencial invasor em outro ecossistema. Como por exemplo, o Schizolobium parahyba, que é nativo da Floresta Ombrófila Densa, mas tem potencial invasor em áreas remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual, principalmente em clareiras e bordas. É claro que nesse caso, o paisagista, se não tiver conhecimento suficiente sobre o assunto, deve contar com a assessoria de um profissional mais capacitado.

Transcrevo abaixo parte das palavras da Sílvia, pois são como um norte para os paisagistas e resumem bem o posicionamento que devemos ter no exercício de nossa profissão:

A nossa recomendação, dada a vasta lista de espécies nativas disponíveis, é de trabalhar com visão de sustentabilidade: maximizar o uso de nativas, não usar espécies exóticas invasoras (quero dizer, com histórico de invasão em qualquer lugar, pois podem invadir o local em questão) e evitar espécies exóticas a não ser por casos de exceção. Isso ajudaria a promover o uso de nativas, que implica de fato em ajudar a restaurar áreas naturais ao redor dos locais de plantio, melhorar alimentação para fauna, fluxo gênico para flora em tempos de mudanças climáticas, conservação de serviços ecossistêmicos e outras tantas vantagens.

Sílvia Ziller

Criei aqui no Arquiflora, um banco de dados das espécies de plantas consideradas invasoras no território brasileiro, com o intuito de divulgar, de maneira rápida e ilustrada, as espécies que, apesar de serem lindas e já terem um lugar em nossos corações, são muito prejudiciais ao meio natural em que vivemos e por esse motivo não devem mais ser usadas no paisagismo.

A pesquisa para compor o banco foi elaborada a partir da Base de Dados Nacional de Espécies Exóticas Invasoras, http://bd.institutohorus.org.br, do Instituto Horus. No momento em que elaborei essa pesquisa (agosto/2019) haviam 198 espécies de plantas consideradas invasoras no território brasileiro. Para acessar as informações completas e atualizadas de cada espécie, consulte a base do Instituto.

5 comentários

  1. Pingback: Arquiflora.rio : Sobre os bancos de dados do Arquiflora.rio

  2. Álleck

    A Hippobroma longiflora, tomou conta de todo o quintal de uma casa que tenho em Nilópolis no Rio de Janeiro. Por mais que eu capine o terreno, devido ao clima ultimamente chuvoso, no Rio de Janeiro, elas têm crescido rapidamente. O que devo fazer? Como eliminar essa planta invasora?

    1. Mônica Fischer

      Olá Álleck, de acordo com o Instituto Horus, o controle mecânico da Hippobroma longiflora, deve ser feito através do arranquio manual: “Arranquio manual com uso de luvas, mangas compridas e óculos de segurança, pois a seiva é tóxica.” Na mesma ficha eles sugerem um controle químico com uso de herbicidas. Porém, acredito que esse último deva ser acompanhado por profissional habilitado já que envolve o uso de substâncias que também podem ser tóxicas. Veja em https://bd.institutohorus.org.br/especies > escolha o filtro “Nome científico” e digite o nome da espécie no campo apropriado > clique em buscar > clique na lupa no lado direito do nome da espécie > clique na guia manejo.

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